GEP – Grupo de Educação Popular – Educação Pública.
A LUTA CONTINUA!
Inúmeros foram os golpes contra nós, trabalhadores e trabalhadoras da educação, MAS DECLARAMOS EM ALTO E BOM SOM QUE PERMANECEREMOS DE PÉ! Enfrentamos um Estado ditador, que nos massacra cotidianamente em nossas escolas, nos impõe metas e nos corta os salários. Nos cobra educar com qualidade e nos oferece somente 50 minutos de tempo em disciplinas como sociologia, filosofia e espanhol, 20 turmas, 5 colégios e mais de 600 alunos para tal. Enfrentamos a repressão policial, que nos espancou, arrastou-nos pelos chãos das ruas que foram e são nossas, e que nos jogou gases e bombas em meio a uma tentativa vã de nos pulverizar, aterrorizar, fazer-nos sumir da luta. Enfrentamos grande parte da direção desse sindicato, que nos impunha o dia 27 de junho enquanto marco de todos os rodos que tomamos na história atual do SEPE, que optou por priorizar a sua atuação frente às eleições burguesas, das quais estão acostumados a participar em meio ao aparelhamento que promovem diante da burocracia sindical, como forma de perpetuação de seu único e exclusivo poder neste espaço. Enfrentamos as direções de nossos colégios, os professores conservadores, as novas portarias e processos administrativos, e depois de um processo intenso e heroico de luta dxs educadoxs, enfrentamos o nosso próprio cansaço. Alguns companheiros foram caçados, presos, torturados, inclusive três companheiros do próprio GEP-Educação Pública, mas centenas de outros mais foram perseguidos e estão ameaçados de demissão. E, ainda que diante dessa dura repressão, fundamental mesmo é termos a clareza sobre o que nós, a base aguerrida e comprometida desta categoria, representamos atualmente no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil.
Nós somos a resistência sindical, a resistência às diversas formas de opressão e exploração, a resistência que, organizada, vem se educando e se mobilizando como povo e com o povo para a revolta. Nosso papel histórico tem sido e será fundamental em meio ao novo cenário que vem se desenhando diante de nós, onde a repressão se aprofunda na medida em que demonstramos a nossa força, e é preciso, mais do que nunca, para garantirmos as nossas conquistas, defendermos a solidariedade entre os companheiros e companheiras, a unidade entre as redes de ensino e entre diversas outras categorias e movimentos sociais e a continuidade da luta no chão da escola, no próprio sindicato e sobretudo nas ruas. Cada vez mais os trabalhadores e trabalhadoras têm exigido seu direito de decidir, de participar e de não delegar seu poder a outrem, de lutar e fortalecer a coletividade, combatendo formas hierárquicas e burocráticas do sindicalismo de Estado, e é preciso estarmos juntos à este movimento reivindicatório, a esta forma de empoderar pessoas.
Aos compas cansados, que consigamos fomentá-los o fôlego. Àqueles desesperançados, que levemos o nosso exemplo de coragem, de permanência diante das dificuldades, de comprometimento para com os que nos cercam. Aos que se deixaram abater pelo medo do Estado, que levemos a consciência de que a luta, quando efetivamente frutífera, é considerada ameaça real aos governos, mas que juntxs, somos e sempre seremos mais fortes do que se pode imaginar. E aos que ainda não se engajaram neste movimento de transformação social, que levemos a liberdade! Sigamos juntos, amigos e amigas que nos tornamos, em nossa longa e satisfatória caminhada. O poder popular não é ideia distante, mas processo concreto diário, que segue sendo construído pelas nossas inúmeras e justas mãos. Lutemos!
O CENÁRIO DA REPRESSÃO.
Pelo terceiro mês seguido centenas de educadoras e educadores que participaram da greve de 2014 tiveram descontos realizados pela Prefeitura e pelo Governo do Estado do Rio. Como nos meses anteriores, muito tiveram todo o seu salário roubado pelos opressores do povo e não possuem condições de trabalhar, pegar ônibus, pagar aluguel e sustentar seus filhos. Além disso, a Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC) continua desrespeitando a própria justiça burguesa que determinou a imediata devolução das vagas nas escolas ocupadas pelos grevistas antes da greve. Centenas de profissionais da educação perderam a sua lotação, isto é, as escolas onde trabalhavam, sendo expulsos desses locais e substituídos por fura-greves ou novos contratados e concursados. Estas punições visam, claramente, intimidar os trabalhadores, perseguir o movimento sindical, difundir o medo e impedir que novas lutas aconteçam no presente e no futuro. Infelizmente, diante deste cenário que já estava sendo desenhado, a direção do SEPE preferiu encerrar a greve no momento errado, acreditar nas corriqueiras promessas de deputados e vereadores, se lançar na disputa eleitoral burguesa (mais de 10 diretores são candidatos ao Estado burguês), fazer jornal especial sobre as “eleições 2014″, dividir a luta e fóruns de discussão da nossa categoria entre Município e Estado, e retirar nosso sindicato da luta e das ruas.
Após a primeira assembleia realizada depois do fim da greve, um Comitê de Mobilização pela Base foi criado e várias ações já foram realizadas, como debates, eventos para arrecadar verba para cobrir os descontos, denúncias públicas, etc. Devemos fortalecer este espaço, eleger os representantes de escola, fazer assembleias nos locais de trabalho, criar os comitês escola-comunidade e mobilizar os demais profissionais da educação, alunos e pais para a reflexão sobre o cenário da educação atual e sobre a necessidade da luta frente ao sucateamento, a reprodução das opressões dentro do espaço escolar, e ao descaso, de uma maneira geral, por parte do Estado. O momento é de fortalecimento, de coragem, de organização. São as nossas vidas e o futuro da luta que estão em questão.
NÃO ACABOU, TEM QUE ACABAR, EU QUERO A PM FORA DO ESPAÇO ESCOLAR!
“A data é 13 de maio, mas de 2014. Um aluno me contou que, no pátio de sua escola, um policial o teria abordado por estar ouvindo funk, com seus amigos. “Você está maluco em ouvir isso aqui perto de mim? Você não tem noção do perigo? Sai daqui, agora!” – disse o PM. E meu aluno, calado, cabeça baixa, resolve sair. Na sala de aula, me revela o medo que tem da instituição policial, tanto na escola, quanto no lugar onde mora. A reprodução desta repressão se expande, como mágica, para seu colégio. Como mágica? Decido contar o caso para amigos professores, que me relatam outros episódios e falam sobre a presença do policial em momentos de conflito com a direção do colégio. Conflito de visão pedagógica, é importante ressaltar. E o PM, convocado por tais direções, fica ali, rondando o espaço, fazendo parte de um cenário de intimidação daqueles que discordam. Em outra sala de professores, PMs decidem fincar seu espaço, e são pegos fiscalizando a folha de ponto dos educadores e educadoras daquele local. Estão sem uniforme e armados. Há gravações comprobatórias deste fato. Ao serem questionados, por todo este contexto, se expressam: “Vocês falam demais! Se não querem proteção, quando um bandido tiver aqui no corredor e vocês me gritarem, eu não vou subir”. Alguns professores respondem que não é para subir mesmo não, e seu olhar em resposta gera medo, intimidação.” (Relato de uma professora da Rede Estadual).
A partir do relato desta educadora, é fundamental que se resgate o papel da escola na vida dos jovens e dos profissionais da educação, por que não? Afinal, queremos uma escola intimidadora e silenciadora das vozes pobres, faveladas, ou uma escola que liberte, crie autonomia e senso crítico, e que empodere a classe trabalhadora deste país? Neste sentido é que a luta pelo fim da PM nas escolas é imperativa no atual contexto de repressões à nossa luta! É preciso lutar a cada dia que passa, para que a escola não seja prisão, para que os alunos e alunas tenham seu direito a organização resguardado, para que os educadores e educadoras possam desempenhar seu papel sem ameaças, cada vez mais reais e violentas. É preciso que a luta pelo fim da Polícia Militar adentre também os muros das escolas!
Enquanto isso, o secretário de educação Wilson Risolia afirma:
“É mais um investimento que fazemos na rede estadual. Trabalhamos intensamente durante quatro meses nessa parceria, que considero essencial. Os policiais têm que ser exemplo para essa garotada que está em nossos colégios. Essa ação mostra, mais uma vez, a parceria entre as áreas do Governo em prol do cidadão.” – afirmou o secretário de Estado de Educação Wilson Risolia. (fonte: http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/fique.asp?EditeCodigoDaPagina=8994).
“Peço desculpas pela franqueza, mas, aos críticos, vai a minha certeza de que para determinadas situações, o diálogo passa a ser uma versão semântica de um romantismo que não existe mais, infelizmente” – diz, Wilson Risolia (fonte: http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=941225).
E a ele afirmamos que exemplos sempre serão os guerreiros e guerreiras que lutam e lutaram historicamente contra as opressões no mundo, que precisamos de mais investimentos em infraestrutura nos colégios e nos trabalhadores e trabalhadoras da educação, e que, se para ele o diálogo é romantismo, enfrentaremos sua forma de lidar com o povo na justa medida que ele vem defendendo. Não acabou, tem que acabar!!!!
CAMPANHA PELO FIM DOS INQUERITOS QUE CRIMINALIZAM OS MOVIMENTOS SOCIAIS.
Lutar não é crime! De fato, há poucos anos atrás muitos de nós pensávamos que se manifestar e se organizar era um direito assegurado pela lei ainda que burguesa. Pensávamos que vivíamos em um país democrático e até mesmo que as eleições eram a nossa principal arma para a transformação social, até surgirem as Jornadas de Junho e Outubro, e, agora, o movimento Não Vai Ter Copa. Caiu a ficha, para muitos, de que são as nossas mãos que transformam a sociedade, de que legítima mesmo é a nossa indignação, nossa revolta. Incomodamos e permaneceremos a questionar as arbitrariedades e ilegalidades deste Estado autoritário, e, pela nossa bravura e solidariedade entre nós, fomos presos e estamos sendo perseguidos. É fundamental que se perceba que, neste processo, algumas figuras dentre nós, militantes que somos, foram escolhidas como bode expiatório para a disseminação do medo, que costuma paralisar, retrair a atuação dos movimentos sociais. E responder a esta ação dos governos com silêncio e imobilismo somente mostra que nos dominar e coagir é fácil como imaginam. Inquéritos policiais criam histórias, perseguem pessoas e instituições historicamente resistentes da classe trabalhadora, inclusive, dentre elas, o próprio SEPE, e não podemos permitir que essa criação fantasiosa seja soberana à nossa própria liberdade. É fundamental, portanto, que a nossa categoria encabece um movimento contrário a criminalização dos movimentos sociais e pelo fim dos inquéritos policiais contra as organizações dos trabalhadores e trabalhadoras e companheiros e companheiras engajados na luta pela educação popular de qualidade e por uma sociedade mais justa e igualitária.